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.. deparo-me aqui, sentado. Lá fora, apesar do relógio apontar para a hora de maior calor, tudo parece frio. As cores já não estão tão vivas, a luz já não é forte o suficiente para me encadear, o pouco barulho que se ouve nada mais é que o simples processamento de milhões de ideias ao mesmo tempo dentro da minha cabeça. É toda uma monotonia desgastante, assustadora e interminável ao que parece.

Acordar já não é tão gratificante, se é que algum dia o foi. O passar do tempo resume-se em ver o tempo passar… irónico! Observar a mudança dos dias sem que os dias mudem. Ás vezes dói, e isso assusta.. Dói quando eu percebo que já não há dor nenhuma. Dói quando sinto que já pouco ou nada sinto, e doí tentar explicar o que sinto quando o que sinto é nada. Calo-me.

É tão estranho o olhar já não transmitir sensações, o toque passar a ser mais agressivo porque se perdeu a sensibilidade, e a fala vir carregada com um raiva desconhecida como se só restasse o ódio em mim…

Não sei se é a consciência que pesa ou se é o mundo que me faz pesá-la.